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Segurança na aviação depende de protocolos, profissionais qualificados e infraestrutura moderna, explicam especialistas

Entre as funções que respondem pela eficiência e integridade das operações aeroportuárias, temos o Serviço de Informações Aeronáuticas, especialidade que administra e define estratégias operacionais, com base em conjunto de normas e procedimentos que são adotados em mais de 190 países no mundo

Só no ano passado, segundo dados do Airports Council International World (ACI World) ou Conselho Internacional de Aeroportos, mais de 8,6 bilhões de pessoas viajaram de avião mundo afora durante o ano de 2023, ou seja, mais de 23,5 milhões de passageiros transportados diariamente em todo o planeta por via aérea. Só o Brasil registrou uma movimentação de 112,6 milhões de passageiros em todo o ano passado.

E esse enorme contingente de pessoas que cortam os céus do mundo todos os dias são transportadas dentro de práticas e métodos padronizados, que proporcionam um padrão de excelência ao Serviço de Informações Aeronáuticas ou simplesmente AIS (sigla em inglês para Aeronautical Information Service). Mais de 190 países são signatários deste conjunto de normas e procedimentos da aviação, aprovados durante a Convenção de Chicago, em 1953. Dentro desse campo da aeronáutica, civil ou militar, temos o especialista em informações aeronáuticas, profissional que é o primeiro contato do piloto em terra para orientações das operações de pouso e decolagem.

Outra função de vital importância para as operações aéreas é do controlador de tráfego aéreo. Trata-se de um profissional que participa ativamente da vigilância do espaço aéreo, sendo que no âmbito militar, ele controla as missões da defesa aérea do país; na aviação civil atua na coordenação do tráfego dos aviões comerciais em geral. Ex-funcionário de carreira da Infraero e tendo atuado como superintendente e gestor de segurança em grandes aeroportos no Brasil, João Marcos Coelho Soares, atual gestor Operacional e Segurança do Antares Polo Aeronáutico, explica a diferença entre os AIS e o operador de tráfego aéreo, duas funções na aviação que são decisivas na garantia da segurança dos voos.

“O especialista em informações aeronáuticas trabalha numa sala específica nos grandes aeroportos e também em bases aéreas militares, e diferente do que muitos possam pensar, essa é uma função diferente do chamado controlador de tráfego aéreo, que opera sistemas de radiocomunicação para orientar tráfego de aeronaves, tanto em solo como as que estão em voo. Já o especialista em informações aeronáuticas, ele trabalha informações mais complexas que subsidiam, não só as operações das aeronaves, mas também todo o seu plano de voo”, explica.

Alta qualificação
Segundo definição que consta no site da Forças Aéreas Brasileiras, a FAB, as principais atribuições dos AIS são coletar, selecionar, compilar e atualizar dados em publicações oficiais da Aeronáutica, além de preparar boletins prévios e planos de voo. Também faz parte do trabalho desse especialista, propor as correções necessárias, de modo a garantir a regularidade, a eficiência e a segurança.  “O especialista em serviço de informações aeronáuticas ou AIS é um profissional altamente qualificado, e geralmente faz jus a uma alta remuneração. Eles podem atuar no setor público, especialmente em carreiras militares, mas também na iniciativa privada”, salienta João Marcos. Com duração de dois anos, no Brasil atualmente, a especialização em Serviço de Informação Aeronáutica é oferecida somente pela Escola de Especialistas da Aeronáutica – EEAR, fica  no interior do estado de São Paulo, na cidade de Guaratinguetá.

Também conforme definição da FAB, estão entre as atribuições do controlador de tráfego aéreo, coordenar o tráfego de aeronaves em uma área sob sua jurisdição, seja civil, ou militar; no campo militar, cabe a esse profissional controlar as missões da defesa aérea, auxiliar na coordenação das missões de busca e salvamento, dentre outras funções. Já dentro da aviação civil, ele participa de todas as etapas, desde a decolagem das aeronaves, o percurso que elas seguem nas aerovias, ou seja, nas “estradas” do céu, até o pouso. Para quem deseja seguir a carreira de controlador de tráfego aéreo as opções são  o curso de especialista oferecido pela Escola de Especialistas da Aeronáutica – EEAR, em Guaratinguetá (SP); ou ingressando por meio de aprovação de concurso público na Infraero. Caso aprovado, o candidato passará por um curso de dez meses no Instituto de Controle do Espaço Aéreo, em São José dos Campos (SP).

O gerente operacional do Antares Polo Aeronáutico salienta que a segurança das operações das aeronaves não estão só nas mãos de pilotos e copilotos, mas também de vários outros profissionais em terra, que juntamente com protocolos atualizados, infraestrutura e modernos equipamentos asseguram total segurança das operações. “O próprio Antares deverá contar com um profissional AIS. E junto com o trabalho desse especialista teremos uma estrutura chamada EPTA (Estação Prestadora de Tráfego Aéreo), que terá uma função semelhante às torres de controle dos grandes aeroportos. Dentre muitos itens, a EPTA conta com sistema de radiocomunicação, estação meteorológicas e outros equipamentos que forneceram informações importantes para a segurança dos voos”, explica.

Novo aeroporto
Com investimentos iniciais da ordem de R$ 100 milhões, o Antares Polo Aeronáutico está sendo construído no centro do país, na cidade de Aparecida de Goiânia (região metropolitanda da capital goiana) e ocupará uma área total de 2 milhões de metros quadrados (m²). O empreendimento é capitaneado por um consórcio formado pelas empresas Tropical Urbanismo, Innovar Construtora, CMC Engenharia, BCI Empreendimentos e Participações e a RC Bastos Participações. Apesar de ser um aeroporto com foco na aviação executiva, o Antares terá capacidade para receber até mesmo aeronaves de grande porte, como um Boeing 737 800.

Quem dá mais detalhes sobre a estrutura de segurança do novo aeroporto é o engenheiro cartógrafo, gestor em segurança da aviação e consultor aeronáutico Antônio Viterbo, que prestou assessoria para a elaboração do projeto. “Além de seguir rigorosamente todas as regras de infraestrutura aeronáutica, inclusive aquelas previstas para os grandes aeroportos, podemos destacar no projeto do Antares a implantação de um NDB (Non-Directional Beacon) que é um Radiofarol Não-direcional. Trata-se de um equipamento que transmite ondas eletromagnéticas não direcionais, em faixas de baixa e média frequências, provendo sinais de identificação em Código Morse para os receptores das aeronaves, permitindo assim a aproximação de aeronaves em condições meteorológicas de média intensidade”, explica o consultor.

O Antares também irá contar em ambas as cabeceiras com o equipamento APAPI (Abbreviated Precision Approach Path Indicator), que auxilia no pouso das aeronaves por meio de um sistema indicador de rampa de aproximação de precisão simplificada e balizamento de pista, o que possibilitará pousos e decolagens à noite.

Mais segurança
O Antares contará ainda com um sofisticado sistema de videomonitoramento, o CMES ou Centro de Monitoramento Eletrônico de Segurança. Trata-se de um sistema de câmeras de monitoramento que será instalado em todo o perímetro do complexo aeroportuário, com foco nas áreas operacionais, como pátio, pista e nos acessos para entrada de pessoas e de mercadorias e na cerca operacional. “O aeroporto será coberto com todo esse sofisticado sistema de monitoramento, que é regulamentado pela Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] e irá compor todo o aparato de segurança do aeroporto, inclusive contra atos de interferência ilícita, como roubos e atendados”, explica João Marcos.

O empresário e diretor comercial do Antares, Rodrigo Neiva, explica que os cuidados com a segurança vêm bem antes do início das obras do empreendimento. “Esse é um projeto que levou cerca de 10 anos para obter todas as suas aprovações legais, justamente pelo rigor exigido pela legislação da aviação civil no Brasil. Para se ter uma ideia, foi preciso alterar o Plano Diretor da cidade de Aparecida de Goiânia, criando assim a área do sítio aeroportuário, que traz diretrizes de construção diferenciadas nas imediações do aeroporto”, detalha.

O raio de influência dessa zona de proteção, que impede ou limita a construção de qualquer tipo edificação ou estrutura, é de 20 quilômetros a partir do centro da pista, como explica Neiva. “Tudo que for construído nas imediações do aeroporto precisará ser aprovado pela Administração do Antares e pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea)”, esclarece o sócio-empreendedor.

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